1 de mai. de 2011

As dezesseis Paixões do GTAV

Grupo celebra a apresentação da Paixão de Cristo pela 16ª vez reunindo grande parte do elenco há pelo menos dez anos




Paulo Gratão

22 de abril de 2011, 19h. Faltavam alguns minutos para o primeiro ator entrar em cena e iniciar a apresentação da Paixão de Cristo, uma das histórias mais conhecidas do mundo. Mas essa era especial: pela 16ª vez o premiado núcleo de pesquisa teatral GTAV (Grupo Teatral Arte de Viver) apresentava para o público presente na paróquia Nossa Senhora das Dores, em Parada de Taipas, zona norte de São Paulo.

Se havia alguém, entre os quase 2 mil espectadores e as mais de 50 pessoas envolvidas no elenco e produção, mais nervoso que o próprio ator, era Roberto Bueno, o diretor e fundador do grupo. “Sinto como se eu estivesse subindo ao palco para a minha primeira apresentação. Fico rezando para que ele faça o melhor. É uma emoção muito grande, que contagia todo o corpo e ai você vai vendo a transição das coisas acontecendo e o brilho no olhar dos atores e do público que assiste”, detalha o diretor.

Grande parte do elenco que compôs a montagem desse ano esteve presente em todas as outras versões apresentadas. O grande desafio é contar a história de forma diferente todos os anos. E essa missão foi cumprida. O espetáculo reuniu, além do teatro, as artes da dança e música. Bueno conta que a evolução desse espetáculo em relação a todos os outros já feitos é clara. “No início recebíamos muitas críticas construtivas, que nos fizeram crescer. O grupo mudou, muitos passaram e outros permaneceram firmes. Os trabalhos de pesquisas que realizamos nos últimos anos nos trouxeram sustentação para a Paixão de Cristo 2011, e fizemos um trabalho ainda mais árduo e que exigiu dedicação de cada um”, comenta. O novo pároco, padre Cássio, também participou ativamente do processo de construção do espetáculo. Bueno revela que muitos detalhes foram inseridos para enriquecer a história sob a experiente supervisão do sacerdote.

O grande objetivo da encenação, segundo o diretor, foi cumprido. Como se trata de um evento cultural, oficializado no calendário de Cultura da Cidade de São Paulo, e não religioso apenas, muitos cuidados foram tomados. “O espetáculo tem como maior objetivo a transformação, ainda que não transforme centenas de pessoas. O trabalho além de ser religioso, é também artístico e as pessoas gostam ver coisas boas e de qualidade. Contamos a história de uma forma ecumênica, acredito que isso seja a chave para atrair não só os católicos, mas os nossos irmãos de outras denominações. Afinal religiões são rótulos”.

O público estava longe de ser recorde se comparado aos anos anteriores, que reuniram de 5 mil a 8 mil pessoas por apresentação, mas foi satisfatório diante do feriado prolongado que tinha a missão de boicotar o trabalho do grupo.

Como nem tudo é perfeito, ainda há pontos que podem melhorar. O diretor e o grupo são críticos quanto ao próprio trabalho e acreditam que no ano que vem podem fazer um trabalho ainda melhor. A produção prévia para o espetáculo e a cena da Ressurreição serão os focos de atenção apontados pelo diretor para o próximo ano. Mesmo assim, considera que foi o melhor trabalho que já levou ao palco. “Aos meus olhos de diretor, e aos olhos de muitos que pude ouvir, esse ano foi maravilhoso, bonito de se ver, ouvir e sentir”, finaliza.

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